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A dança

A dança é um dos modos de expressão mais primitivos com que o homem procura simbolizar sentimentos anímicos-espirituais, mediante movimentos corporais, gestuais e mímica.

A dança manifesta-se inicialmente por atos espontâneos, mímicas institivas, depois por gestos, movimentos e passos formando uma série ritmada.

Utilizando as palmas, depois as batidas com os pés como acompanhamento a dança em seguida apoderou-se da música. Acompanhada de instrumentos rítmicos de precursão ou melódicos no caso da música-dança ou de textos e vocalizações entoadas no caso do canto-dança. Esta sua união foi tão perfeita que nada era mais divertido para o homem que participar nessa harmonia, seja sozinho, seja com uma companheira ou ainda em grupo.

Nas pinturas do paleolítico já aparecem pessoas a dançar. Ainda na pré-história, as pinturas rupestres apresentam-nos máscaras dançantes em roda ou em filas. Na antiguidade a bíblia faz referência frequente a danças sagradas e profanas.

O Cristianismo combateu a dança ritual, apesar disso a Igreja não proibiu toda e qualquer dança e a prova são as danças incluídas em atos sacramentais e até em procissões.

Na idade média surgiu outro tipo de dança – A dança da morte ou dança macabra – de origem religiosa ou penitencial. A dança da morte era a alegoria da contraposição entre a via e a morte. Estas representações originalmente apareciam pintadas a fresco em igrejas e capelas, e sobretudo em muros de cemitérios.

Outros bailes medievais foram evoluindo nas suas variações e estilos ao serem adotados pela burguesia nas suas casas de dança ou pelos príncipes nos seus salões palacianos.

Alguns deles cedo passariam a fazer parte dos locais de dança,  Polka, Minuetes, Mazurca, Valsa, Dança das fitas, Das espadas, Dos arcos Dos paulitos ou palotes (Trás-os-Montes) e inumeráveis danças de várias corporações ou de trabalho que alguns países, nomeadamente Portugal, têm conservado no seus reportórios folclóricos.

Ao longo dos tempos têm existido vários tipos de dança que passamos a discriminar:

  •  Dança Ritual: Um conjunto de movimentos e gestos que procuram simbolizar qualquer rito.

Exemplos: Dança da morte, Dança da chuva, do sol e as danças guerreiras.

  • Danças de salão: Em tempos idos resumia-se única e exclusivamente às danças palacianas, com origens em bailes medievais.

Exemplos: Ploka, Mazurca, Minuetes e Quadrilhas.

Nos nossos tempos as danças de salão como modo de relação social, desenvolveram-se a partir das danças palacianas e folclóricas.

Exemplos: A Valsa, o Tango, entre outras.

Depois destes dois tipos, aparece-nos um outro conjunto de três tipos de danças: As danças folclóricas, as danças populares e as danças popularizadas ou folclorizadas.

  •  Danças Folclóricas: Em contraposição às danças da moda é a forma de dança apreciada pela sua arcaica tradição, pelo seu conteúdo histórico e que mantém uma origem com alto significado religioso ou laboral, sendo sempre revestidas de um detetável e bem característico simbolismo.

  • Danças Populares: São todas aquelas que na base da sua criação tiveram o verdadeiro povo, são dotadas de uma simples mas graciosa coreografia e foram destinadas a fins bem diferentes das anteriores, portanto sem o mesmo simbolismo.

  • Danças Popularizadas ou Folclorizadas: São todas aquelas que conhecendo-se o autor da música, da letra e da coreografia foram destinadas aos vários aspetos da diversão.

Agora que já temos os vários tipos de dança. Ao fazer uma análise deste último conjunto alguém pode perguntar: Não haverá nas danças folclóricas algumas que tenham sido folclorizadas? É evidente que sim. E no nosso grupo encontramos algumas danças – Mazurca e Moda a dois passos – . Nós podemos e devemos compreender este tipo de folclorização, porque mais não foi do que o assimilar de uma cultura, que teve de permeio a característica curiosidade do nosso povo, quando observava pelo “buraco da fechadura” ou pela janela, o desenrolar de certas danças nos salões palacianos, quando as adotou, não só transformou a coreografia mas também a música, para não chamar a si os direitos na totalidade daquilo que sabia não ser seu.

As danças nesta situação nós as classificamos de influência palaciana, derivado do fato, que em princípios sociológicos as classes mais baixas terem procurado copiar os escalões que porventura lhe possam ser superiores.

Por tudo aquilo que já foi dito começamos por fazer uma primeira classificação, assim: As danças sociais são constituídas pelas danças do povo e pelas danças da Nobreza ou Palacianas. Nas danças do povo vamos enquadrar as danças folclóricas , as danças populares e as danças folclorizadas ou popularizadas.

Segundo o seu significado as danças têm uma classificação, assim encontramos as danças de culto e as danças rituais. As danças de culto dividem-se em danças litúrgicas, religiosas e dramáticas. As danças rituais dividem-se em trabalho, sedução e guerreiras.

De seguida vamos clarificar melhor esta segunda classificação, assim:

  • Danças litúrgicas: Eram algumas danças adotadas para serem usadas durante o ritual religioso.

  • Danças religiosas: Eram próprias das festividades do meso custo, nomeadamente nas procissões. Nessas procissões eram representadas cenas dramáticas de alguns episódios religiosos em que a dança ficava de permeio e até se sobrepunha à palavra, neste caso são consideradas danças dramáticas.

  • Danças de  trabalho: Sempre acompanhavam o mesmo e até próprio ritmo do seu desenvolvimento, normalmente eram utilizadas nos finais desse mesmo trabalho ou ainda no fim de cada época agrícola.

  • Danças de sedução: São todas aquelas em que o elemento amoroso é a base principal do seu desenvolvimento. Caberá aqui dizer e tendo como exemplo o Fandango Ribatejano e a Dança da Tranca da Beira Baixa (Silvares), que as danças de sedução normalmente eram dançadas  por pessoas do mesmo sexo. No caso do Fandango, por dois homens que no seu desenvolvimento discutiam a posse de uma mulher. No caso da Dança da Tranca passa-se precisamente o contrário, ou seja, duas mulheres disputam um mesmo homem.

  • Danças guerreiras: São aquelas que marcam um pouco a herança dos povos primitivos que estiveram entre nós, como por exemplo a danças das espadas e a dança dos paulitos.

Complementando as classificações atrás referidas, há aspetos, que a ter em conta, contribuem duma forma decisiva para uma melhor análise e um estudo mais profundo de uma determinadas dança, a entenderem-se pela forma, coreografia, música e acessórios.

No que respeita á forma de uma dança, não há muito para dizer, a não ser que ela poderá ser de roda, ou em filas e diz-nos também se a danças foi concebida aos pares, aos grupos ou com outra variante.

A coreografia ou marcação da dança, muito ligada ao simbolismo, é uma série ritmada de movimentos, passos e poses que os figurantes desenvolvem durante a dança. Muito ligado e que também tem uma certa influência na coreografia é o estilo: cruzado, trespassado, roda para um lado, roda para o outro, versão de vira, seja ele corrido, batido, cruzado ou roubado.

A música e como atrás já referimos só muito mais tarde veio a fazer parte integral da dança, nela influenciou o ritmo e a melodia.

Os acessórios são peças muito importantes na documentação de uma dança, sejam eles objetos de uso agrícola, de uso doméstico ou piscatório, sempre situados na sua época.

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